Evento
Dia Internacional da Conservação dos Anfíbios
Os anfíbios são o grupo de vertebrados atuais que representa a transição para a vida terrestre, possuindo características que os relacionam com o meio aquático e terrestre em simultâneo.
A própria palavra anfíbio, que deriva do grego amphi (ambos) e bio (vida) – ambas as vidas, reflete essa “vida dupla” destes seres vivos, que passam a sua fase larvar em água e a fase adulta em terra, com algumas exceções. No entanto, todos os anfíbios dependem da água para a sua reprodução, já que os seus ovos não possuem casca que proteja as larvas da dessecação a que estariam sujeitos em meio terrestre, embora alguns anfíbios, por exemplo a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra), tenham estratégias para ultrapassar a falta de água na altura da reprodução. A fim de proteger os seus ovos de eventuais predadores, o macho do sapo-parteiro (Alytes obstetricans) transporta nas suas costas os ovos fertilizados que se desenvolvem em maior segurança até serem libertados na água no momento da eclosão.
Enquanto vivem na água, na sua fase larvar, os anfíbios respiram por branquias tal como os peixes, embora no caso dos anfíbios as branquias sejam externas. Após a metamorfose os anfíbios adultos passam a ter pulmões muito rudimentares que permitem respirar o ar e, de uma forma geral, perdem as branquias. A pele nua que os anfíbios mantêm sempre húmida e limpa e a mucosa da boca e faringe, também permitem as trocas gasosas e esta respiração cutânea é um complemento à respiração pulmonar.
A dependência dos anfíbios em relação ao meio aquático, sobretudo pequenas massas de água pouco profundas e muitas das vezes temporárias, faz dos anfíbios um grupo de seres vivos particularmente sensíveis aos efeitos das alterações climáticas, pois o aumento de temperatura e dos períodos de seca têm consequências trágicas no seu habitat. Por este motivo, os anfíbios são bons indicadores biológicos da evolução do estado de conservação destes habitats.
Em Portugal existem 17 espécies de anfíbios, 6 espécies do grupo das salamandras e tritões, os urodelos, e 11 espécies de sapos e rãs, os anuros. Na Cidade do Porto, um estudo realizado em 2016 identificou 9 espécies de anfíbios (4 urodelos e 5 anuros). Estes anfíbios têm o seu habitat em pequenas massas de água existentes dos parques e jardins da cidade, como charcos, pequenos lagos, fontes e tanques de pedra.
Consciente da importância destes locais para a conservação da biodiversidade das populações de anfíbios, o Município do Porto é parceiro estratégico no projeto MoRe Porto – Monitorização e Restauro da Biodiversidade das Zonas Húmidas da Cidade do Porto que visa o aumento do conhecimento, valorização e recuperação das massas de água da cidade, como forma de promover a biodiversidade e otimizar os serviços destes importantes ecossistemas. Faz ainda parte deste projeto o desenvolvimento de ações de educação, sensibilização e formação sobre valor das Zonas Húmidas, com escolas locais, população em geral e jardineiros do Município.
O projeto é promovido pelo CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental) e financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo, contando a Fundação de Serralves, Jardim Botânico UP, a Empresa Municipal Águas e Energia do Porto como parceiros estratégicos, para além do Município do Porto.
Para saber mais, conheça o projeto Charcos com vida e veja o episódio do programa virtual de educação ambiental dedicado à rã-verde, um dos anfíbios que, além de excelente cantor, é o mais amplamente distribuído e abundante na cidade do Porto.