Evento
A floresta autóctone é constituída por espécies nativas do local onde se encontram. A floresta autóctone portuguesa é formada por árvores originárias do nosso país, como é o caso dos carvalhos, dos medronheiros, dos castanheiros, dos loureiros, das azinheiras, dos azereiros, dos sobreiros, entre outras.
As florestas estão entre os ecossistemas terrestres de maior complexidade estrutural, o que se reflete na grande diversidade de espécies de plantas (criptogâmicas e vasculares), animais (invertebrados e vertebrados), fungos, líquenes e microrganismos. Estes seres vivos distribuem-se desde as camadas profundas do solo até à copa das árvores, estabelecendo-se comunidades biológicas específicas em cada estrato mas todas interdependentes.
A revisão bibliográfica permite afirmar o que parece óbvio: quanto maior é a biodiversidade presente maior é a resiliência das florestas e maior é o leque e a qualidade dos serviços ecológicos prestados. E quais são esses serviços ecológicos? Por exemplo, a regulação e melhoria da qualidade da água, a conservação da estrutura, fertilidade e fixação do solo, a conservação da paisagem natural que caracteriza muitas das nossas regiões, ambiente de recreio e lazer, a diversidade dos recursos genéticos, entre muitos outros, nomeadamente o fornecimento de produtos.
As florestas autóctones em Portugal têm um valor económico de estimado de 1.300 milhões de euros por ano (Estratégia Florestal Nacional, Resolução do Conselho de Ministros n.º 6-B/2015, página 692-19). Esse valor foi publicado em estudo de referência (Mendes et al, 2004). Desse valor, 41% do valor económico dos produtos da floresta resulta da produção da madeira (toros para serração, produção de pasta de papel e outros usos industriais e lenha). Mas, a maior fatia do valor económico da floresta nacional resulta dos outros produtos e serviços, como a cortiça, resina, mel, frutos, cogumelos, plantas, bolotas, caça e recreação (47%), bem como serviços ambientais essenciais (12%), como a proteção da água e do solo e a retenção de carbono. Só para dar dois exemplos, os frutos (pinhão, castanha, alfarroba, medronho e sabugueiro) têm um valor económico de 53.310.000 euros e os cogumelos de 16.250.000 euros.
Talvez menos óbvia seja a importância das espécies nativas e da diversidade no armazenamento de carbono, um dos importantes serviços ecológicos que as florestas prestam à sociedade. De facto, o carbono é armazenado nas árvores (raízes, ramos, folhas, troncos) mas principalmente no solo, que pode armazenar até quatro vezes mais carbono do que as próprias árvores. E o que se sabe é que o maior armazenamento de carbono no solo acontece principalmente associado a florestas de folhosas caducifólias (carvalhos, freixos e bétulas) e a riqueza estrutural de espécies, principalmente de folhosas, tem um efeito positivo nesse armazenamento. Há evidências de que espécies fixadoras de azoto (N), como por exemplo o amieiro (Alnus glutinosa), podem também aumentar a capacidade de retenção de carbono no solo.
O Município do Porto tem sido, desde 2013, um importante papel na reflorestação da Área Metropolitana do Porto com espécies nativas já que é no Viveiro Municipal do Porto que o FUTURO – projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto – produz a maioria das árvores nativas que são usadas nas ações de restauro ecológico levadas a cabo na região. O objetivo central do FUTURO é o de reabilitar área de floresta urbana nativa no território metropolitano – promotora de biodiversidade, qualidade paisagística, mais resistente ao fogo e prestadora de serviços dos ecossistemas – através da capacitação e envolvimento ativo de cidadãos voluntários.
O Porto tem desenvolvido também o projeto FUN – Florestas Urbanas Nativas no Porto – com o objetivo de instalar espécies nativas no seu território, quer em zonas subaproveitadas (como os nós da VCI), quer nos jardins privados (oferecendo árvores nativas aos munícipes no âmbito da iniciativa “Se tem um jardim temos uma árvore para si”). Saiba mais aqui.
Se quiser conhecer melhor as espécies de árvores e arbustos autóctones de Portugal clique aqui e aqui.
Conheça melhor uma das nossas árvores nativas – o sabugueiro (também chamada de “rosa de bem fazer”).