13 Mai
Que dia é hoje?

Dia Mundial das Aves Migratórias.

As aves são provavelmente o grupo de animais vertebrados terrestre mais admirado pelo Homem. Um estudo recente realizado na Europa sobre a importância da biodiversidade para o  bem-estar humano, mostrou que há uma relação positiva entre o sentimento de bem-estar e a riqueza específica de aves no meio envolvente. Esta sensação de bem-estar e qualidade de vida transmitida pelas aves é comparável ao sentimento de bem-estar transmitido pelo rendimento económico.

A sua plumagem colorida, brilhante e vistosa e a sua habilidade para cantar, desde os tímidos chilreios às mais harmoniosas sinfonias, contribuem certamente para o nosso bem-estar mas o que mais admiramos nas aves desde tempos imemoriais será, talvez, a sua capacidade de voar. São várias as características do corpo das aves que as tornam aptas para o voo, sendo as mais evidentes a existência de asas e penas, que lhes permitem aproveitar as correntes de ar para se manterem em voo com baixo dispêndio energético.

Mas não é apenas o voo diário das aves que observamos e admiramos. Mais fascinantes são porventura, as longas viagens de migração que as aves empreendem, em voos que duram vários dias e se estendem por milhares de quilómetros, atravessando oceanos e continentes, sem qualquer paragem pelo caminho para algumas espécies.

Por exemplo, o garajau-do-ártico (Sterna paradisea), uma ave com cerca de 100 g de peso, realiza duas vezes por ano uma jornada contínua de dois meses, na qual percorre mais de 20 000 km sobre o mar, entre o Ártico, onde nidifica, e o Antártico, onde passa o inverno.

A migração das aves é um fenómeno ainda não totalmente conhecido, apesar dos vários estudos que têm sido feitos ao longo de vários anos. Sabemos que as aves migram em busca de abundância de alimento que vai favorecer a sua reprodução. Quanto aos mecanismos que orientam as aves no seu percurso, ainda há muitas questões por responder mas os investigadores acreditam que existem várias estratégias, nomeadamente a posição dos astros, o alinhamento com o campo magnético da Terra e que, de certa forma, a sua rota de migração está “escrita nos genes” e que as aves as seguem também por instinto.

O facto de várias espécies de aves usarem rotas semelhantes para as migrações, permitiu aos ornitólogos definir “corredores migratórios” que atravessam o globo. Portugal situa-se no corredor migratório do Atlântico Oriental, constituído pela faixa que liga a zona do Ártico, Canadá Oriental e Sibéria Central, às zonas de invernada da África Ocidental e do Sul, incluindo a passagem pela Europa Ocidental, onde se encontra Portugal. Esta rota inclui 75 países e é utilizada por 297 espécies de aves migradoras.

Nesta altura do ano, entre o fim do inverno e início da primavera, chegam a Portugal cerca de 70 espécies de aves na sua migração estival. Não é por acaso que associamos a chegada da primavera às andorinhas, já que estas aves são das primeiras a chegar ao nosso país, juntamente com o cuco-canoro, andorinhão-preto e o milhafre-preto. Entre as espécies mais tardias, com registos de chegada em abril e mesmo em maio, encontram-se a rola-brava, a felosa-poliglota e o papa-figos. No fim do verão, partem novamente para os territórios de invernada mais a sul, dando lugar aos migradores invernantes.

A anilhagem científica é uma ferramenta indispensável para o estudo científico das aves e das suas migrações. Usada desde 1889, é um método que continua a ser muito utilizado e que consiste na marcação individual das aves, em geral com uma pequena anilha de metal onde se encontra gravada uma combinação de caracteres única, que obedece a regras internacionais e está registada em bases de dados partilhadas pelos investigadores. A observação de uma ave anilhada deve ser reportada para o CEMPA – Centro de Estudos de Migrações e Proteção de Aves, da responsabilidade do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, para o e-mail  cempa@icnf.pt ou apaa@apaa.pt com indicação da data e local da observação, assim como os códigos existentes na anilha. A observação pode ainda ser registada on-line no sítio da EURING destinado a recolher a informação de aves anilhadas.

Uma grande parte da recolha de informação sobre as chegadas e partidas de aves migradoras e recuperação de anilhas em todo o mundo é feita através de ciência cidadã. São milhares de observações registadas pelos cidadãos em plataformas on-line, que depois são analisadas, tratadas estatisticamente, comparadas e partilhadas pelos investigadores, constituindo um recurso inestimável para o conhecimento dos padrões de migração e da sua evolução ao longo dos anos.

Em Portugal, a Sociedade Portuguesa para o estudo das Aves coordena o projeto Chegadas, que visa reforçar o conhecimento das aves migradoras estivais no território continental português.

Encontre mais informação e registe as suas observações em:

http://www.avesdeportugal.info/

https://www.biodiversity4all.org/

https://ebird.org/portugal/home