Evento
No hemisfério Norte, a migração de invernada é um dos fenómenos mais fascinantes do reino animal, e a sua grandiosidade continua a levantar questões que a ciência ainda tenta desvendar por completo.
Com a chegada do outono nas regiões temperadas e árticas do hemisfério Norte, espécies como gansos, andorinhas e cegonhas iniciam a sua jornada em direção ao sul, em busca de climas mais amenos e de alimento mais abundante, fugindo das condições mais rigorosas do inverno. O ganso-de-testa-branca, por exemplo, percorre mais de 8 mil quilómetros desde as suas áreas de reprodução no Ártico até às suas zonas de invernada na costa do México. Já a andorinha-do-mar-ártica protagoniza a migração mais longa de todas, cobrindo até 40 mil quilómetros numa viagem que vai da Gronelândia até à Antártida, ida e volta!
Estas migrações não são apenas demonstrações de resistência física, mas também uma manifestação do equilíbrio ecológico global. As aves dependem de uma rede complexa de habitats ao longo das suas rotas, desde zonas de repouso até áreas de alimentação. Contudo, a degradação ambiental e as mudanças climáticas têm vindo a afetar drasticamente este ciclo migratório, tornando as aves migratórias verdadeiros indicadores das transformações que ocorrem no nosso planeta.
O fenómeno da migração levanta uma série de curiosidades que desafiam o conhecimento científico. Algumas espécies, como o maçarico-de-bico-fino, são capazes de voar mais de 10 mil quilómetros sem descanso, atravessando o Pacífico de forma ininterrupta. Como conseguem armazenar energia suficiente para uma viagem tão extenuante? Parte da resposta está na capacidade das aves de aumentar significativamente a sua massa corporal, através da acumulação de gordura, antes da migração e de otimizar a queima de gordura durante o voo.
Esta acumulação de gordura é subcutânea, sendo principalmente visível na fúrcula, que é a zona que fica entre as clavículas, e no abdómen. A observação destas zonas permite uma avaliação rápida da condição corporal da ave e é um excelente indicador sobre a preparação, ou não, para a migração. Esta avaliação é muito fácil de realizar em trabalho de campo pois não é invasiva, é indolor e não necessita de material especial, sendo um dos dados recolhidos nas sessões de anilhagem científica, que muito contribuem para o conhecimento da ecologia das aves.
Se não teve oportunidade de se inscrever para a 1º sessão de anilhagem de aves, subscreva a Eco Agenda Porto e receba informação atempada sobre as próximas sessões que se irão realizar durante o próximo ano.